segunda-feira, 6 de junho de 2011

Algodão. Sua cultura, sua história.



Um Cordel de Roberto Celestino

1
É com muita simplicidade
Que começo aqui narrar
A história desta vila
Desse aconchegante lugar
Estou falando do algodão
Desse maravilhoso torrão
Terra boa pra se morar

2
De um pé de algodão de seda
O nome da vila nasceu
Quando o Capitão Pedro Felisberto
Por aqui apareceu
Ao avistar o pé de algodão
Fez logo demarcação
Seu povo aqui estabeleceu

3
Outros contam também
Que o tal pé de algodão
Ficava à beira do riacho Tapera
Que passa naquela região
Onde hoje está localizado
O açude que se chama Salgado
Velho conhecido da população

4
Ali logo foi erguida
A primeira moradia
Casa do capitão Felisberto
Que ali se estabelecia
Fez também uma senzala
Para que viessem ocupá-la
Os escravos que trazia

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Com a chegada da Lei Áurea
Os negros foram libertos
E um ato de nobreza
Fez o capitão Felisberto
Porções de terra separou
Aos ex-escravos as doou
Mantendo-os ali por perto

6
Adoeceu o capitão
Pela morféia foi atacado
Veio logo a falecer
E na casa foi sepultado
Pois ainda hoje se fala
Que num quarto perto da sala
Ele permanece enterrado

7
Na ocasião de sua morte
Apenas quatro casas havia
Mas logo começou crescer
Pouco a pouco se expandia
Feição de vila tomava
Pois o povo que a habitava
Aumentava a cada dia

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Se ajuntaram uns cabras fortes
Dos Ferreira e dos Glicério
Pra construírem uma fonte
E a água doce então trouxeram
Cavando assim o cacimbão
Abençoando a população
Com esse presente que lhe deram

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Construíram outro açude
Monconha era seu apelido
Dele era retirado o sal
E em pilão era batido
Hoje os açudes são chamados
Açude de Beber e Açude Salgado
Assim ficaram conhecidos

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Mas nem tudo era trabalho
Era preciso se divertir
Siba Ferreira e Pedro Gonça
Tiveram a idéia de construir
Um campo para jogar
Os fins de semana ocupar
E do esporte usufruir

11
Em dezembro de trinta e oito
Fundaram o Leão do Norte
Um time ainda pequeno
Mas que já nascia forte
O primeiro jogo ganhou
O nome de leão honrou
Venceu na raça e não por sorte

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Foi contra um time da Paraíba
Que esse jogo aconteceu
O Riacho de Santo Antônio
Que de 1x0 perdeu
Ivo quem fez o gol
Que na história ficou
Pois ninguém o esqueceu

13
Assim o time era formado
Pedro Gonça no gol
Joaquim, Siba e Ivo
O primeiro que marcou
Lázaro, Ramiro, Zequinha e Adriano
Pedro Procópio, Inácio e Hidelbrando
E Pedro Paulo o Professor

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Hoje o campinho é estádio
De Pedro Gonça o nome herdou
Uma justa homenagem
A um dos homens que o fundou
Junto ao Leão do Norte
Tem se demonstrado forte
As dificuldades sempre driblou

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Na década de quarenta
O povo ia rezar
Na casa de seu Crispim
E para os convocar
Um berrante era tocado
E quando todos haviam chegado
Já podiam começar

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Quase no final da década
Dona Cesária Opinou
Por construírem uma capela
E apoio logo ganhou
Dona Elvira, Teotônia e Rosa
Chamaram seu Crispim pra prosa
E este o terreno doou

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Em maio de 1950
Vinte e dois era o dia
Inaugurou-se a capela
Trazendo muita alegria
À comunidade do Algodão
Pois um lugar de oração
A vila agora possuía

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O povo então se reuniu
Pra decidir uma questão
Quem seria o padroeiro
Do povoado do Algodão
Lembraram do primeiro morador
Capitão que aqui chegou
E chegaram a conclusão

19
Sendo ele falecido
Uma homenagem o prestaram
O padroeiro seria São Pedro
E todos ali concordaram
E tendo feito grande viagem
Chegou a Vila a sua imagem
E na capela a colocaram

20
Hoje a Festa de São Pedro
Em junho é comemorada
Com rezas e diversão
Pros jovens e pra garotada
O povo é alegre e hospitaleiro
É de fé e é festeiro
Não desanima por nada

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Realiza-se a chegada de lenha
Que virou uma tradição
Rompeu a barreira do tempo
Chegando a essa geração
Pois ainda se realiza
Todo ano se organiza
E é grande a participação

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A festa é animada
E tem muito pra se ver
Tem até Batismo de Santo
E pra quem gosta de beber
Tem Pegada de Garrafa
Onde os cabra se esborracha
Pra conseguir vencer

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Tem até vassoura que dança
E de Rita é chamada
É a estrela da quadrilha
E é muito disputada
Pois todos querem dançar
Pra ela não falta par
Pelas moças é invejada

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Hoje também os evangélicos
Estão presentes no Algodão
Trazendo a Palavra de Deus
Com louvor e oração
Pois aqui nesse regaço
Pra toda fé existe espaço
Menos pra discriminação

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Hoje a Vila tá crescida
Coisa linda de se ver
Tem ata dessanilizador
Com água boa de beber
Tem a Praça Amaro Tavares
Um dos melhores lugares
Pro descanso e pro lazer

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Na Escola Sebastião Ferreira
Nós podemos encontrar
Pessoas bem capacitadas
E dispostas a educar
As crianças do Algodão
Fazendo da educação
Uma marca do lugar

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Tem lanchonete e tem fabricos
Pra quem trabalha com sulanca
Posto de saúde pra cuidar
De adultos e crianças
Tem uma fábrica de açaí
E pra quem quer se divertir
Tem o Parque Pedra Branca

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Hoje a Vila agradece
A todos que a construíram
Àqueles que de alguma forma
Também contribuíram
Pra ver crescer o Algodão
Aos que conosco ainda estão
E também aos que partiram

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Homenageamos as famílias
Cesário, Silva e Ferreira
De Pedro Gonça e Rogaciano
Essa gente tão guerreira
Os Siba, os Sinésios e os de D. Nana
Os Dona Maria Santana
Mulher muito hospitaleira

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Dos Galdino e dos França
Não podemos esquecer
Do amigo Chico Carola
Que se dispôs a conceder
Toda essa narrativa
Mantendo a história viva
Para ninguém se esquecer

31
Vou encerrar pedindo o perdão
Daqueles que eu não falei
Pois não são menos importantes
Do que estes que citei
Meu conhecimento é limitado
Sintam-se todos abraçado
Mesmo se não o mencionei

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A vocês parabenizo
Por esse maravilhoso lugar
Que de tão simples e tão belo
Chega a apaixonar
Lutem por sua preservação
Pois a Vila do Algodão
É um céu pra se morar.

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