quarta-feira, 10 de julho de 2019

Mestre Vitalino, das margens do Ipojuca para o mundo.


Literatura de Cordel de Roberto Celestino



Meu cordel pede licença
Pra fazer uma homenagem
A um artista de valor
Um tão grande personagem
Que deixou na sua arte
Estampada a sua imagem.

O seu nome faz justiça
Em rimar com “nordestino”
Pois aqui de quem eu falo
É do Mestre Vitalino
Caruaru teve a sorte
De ser mãe desse menino.

Mil novecentos e nove
10 de julho era o dia
Que Caruaru nos braços
Esse filho recebia
Um menino que ao mundo
O seu nome levaria.

Filho de um lavrador
Sua mãe era louceira
Fazer panelas de barro
Para ela era a maneira
De ajudar o seu marido
Vendendo as peças na feira.

Nas margens do Ipojuca
Vitalino observava
A mãe trabalhar o barro
Das panelas que formava
Com as sobras que restavam
Forma a elas ele dava.

E com o barro ele fazia
Seus pequenos animais
Cobras, cavalos e bois
Lagartixas e outros mais
Depois foi se dedicando
Fazer formas faciais.

Ele começou brincando
Mas artista se tornou
Tomou gosto pela arte
Logo se aperfeiçoou
De animais para bonecos
Nunca mais ele parou.

Para a feira ele levava
Toda a sua produção
Que encantava a cidade
Também toda região
Mas a fama ganharia
Uma maior proporção.

Era no Alto do Moura
Que Vitalino vivia
Com os filhos ajudando
Nas peças que ele fazia
Mas o seu grande talento
Para o mundo o levaria.

O artista Augusto Rodrigues
Certo dia o convidou
Para uma exposição
E Vitalino aceitou
Foi no Rio de Janeiro
Que a sua arte encantou.

A partir daí se deu
Sua grande projeção
A obra de Vitalino
Foi além dessa nação
O nome de sua cidade
Teve grande exaltação.

Áustria, França e Suiça
A sua obra exaltou
Diante dessa grandeza
O Brasil valorizou
Para o Sul e pra o Sudeste
Seu nordeste ele levou.

Ano de sessenta e três
Nosso mestre faleceu
Dia 20 de janeiro
Na cidade onde nasceu
Mas a obra desse artista
Está viva, não morreu.

Pois é grande o seu legado
Que pra nós ele passou
A sua arte se expandiu
Com artistas que inspirou
Estes são filhos do barro
Que Vitalino gerou.

Vitalino está presente
Pelos temas de cordéis
Em suas obras que decoram
Restaurantes e hotéis
Ele encanta homens do campo,
Professores, bacharéis.

Tá presente nas estantes
De muitos lares grã finos
E na casinha do pobre
Encantando seus meninos
Ele está na mão daqueles
Que querem ser “Vitalinos”.

Não frequentou a escola
Mas na escola está presente
Pois ali é apresentado
Como grande expoente
Da cultura nordestina
Dando orgulho a sua gente.

Não foi aluno na escola,
Na vida foi professor
Pois o trabalho no barro
Deste homem sofredor
Deu-lhe o título de Mestre
Que ele honrou com muito amor.

Entre suas muitas obras
Cito: O Trio pé de Serra
O caçador de onça, O boi
Família lavrando a terra
Lampião e Maria Bonita
Mas a lista não se encerra.

A Cultura nordestina
Se não fosse Vitalino
Faltaria um pedaço
Era até um desatino
Pois sua arte é o retrato
Do seu povo nordestino.

Foi Vitalino Pereira
Dos Santos um homem pobre
Mas na arte demonstrou
O valor de um homem nobre
E que o talento do artista
Não há pobreza que dobre.

Vitalino está bem vivo
Nas ruas, nos hospitais
Nas escolas e museus
Nas casas comerciais
O seu nome ali está
Não se apagará jamais.

Está nas ondas do rádio
Na voz dos radialistas
E nas letras das canções
Tá nas obras dos artistas
Está presente em suas peças
Pelo mundo onde são vistas.

Orgulho do Alto do Moura
Dessa terra que pisou
Das margens do Ipojuca
Com o barro que tirou
Vitalino fez seu nome
E na história registrou.



sexta-feira, 14 de junho de 2019

Eu queria descobrir
Quem é que a saudade ama
Só pra fazer uma trama
Seu romance destruir.
A saudade ia sentir
Que o que faz é crueldade
Ia ver quanta maldade
Que ela causa no meu peito
Eu ainda arrumo um jeito
Da saudade ter saudade.

Roberto Celestino.