quarta-feira, 25 de abril de 2012

EU

                                    Uma poesia de Roberto Celestino
 

Se Eu tenho você
Eu sou o sujeito,
Se não tenho
Sou apenas um sujeito
Sem predicado.
Sem você
Não existe predicado
Sou apenas um sujeito,
Sem jeito.

O RIO CAPIBARIBE-Um gigante pernambucano

                         

Bem na Vila do Araçá
Município de Poção,
Serra do Jacarará
Pra banhar a região,
Vai se ver nascer um rio
Que terá mil desafios
Pra cumprir sua missão.
                
Corre todo em Pernambuco
Esse rio abençoado,
Que de  Capibara-ybe
Pelos índios foi chamado.
E o rio de águas claras
Se torrnou das Capivaras
Assim fora batizado.
                      
Ele tímido desce a serra
Inicia a jornada,
Muito tem a percorrer
Nessa sua caminhada.
Logo chega a Jataúba,
E depois que lhe saúda
Vai-se embora em disparada.

Inda há quarenta e um
Municípios pra passar,
Banhará muitas cidades
Que estão a lhe esperar.
E em grande serpenteio,
Segue ele seu passeio
Ansioso em ver o mar.
               
Em suas margens viu nascer,
E crescerem muitas vidas,
Vilas foram se formando
Ali eram acolhidas. 
Daquelas comunidades
Muitas hoje são cidades,
Umas bem desenvolvidas.
               
Pelo Rio Capibaribe
Os nossos índios cresceram,
No Rio das Capivaras
Nome qu’eles escolheram.
Viram ali fertilidade,
Com grande facilidade
Logo se estabeleceram.
              
Entre o índio e o rio
Sempre houve amizade,
Pois do rio usufruía
Mas mostrava lealdade,
Procurou o preservar
Tudo fez pra não deixar
 Acabar a vitalidade.
                        
Era às margens desse rio
Que as índias escolhiam,
Dar a luz aos curumins
Era lá que eles nasciam.
Ali recebiam um banho
Já não eram mais estranho
Pois ao rio se uniam.
                        
No local se cultuava
Invocavam divindades,
Realizando muitos jogos
Com grandes festividades
Diversão ali havia
Pelo rio percorria
Águas e felicidade.
                 
Era o Rio Capibaribe
Para os índios, rio sagrado,
Um presente de seus deuses
Era assim considerado.
Por ele tanto zelavam
Dia a dia se empenhavam
Defendê-lo com cuidado.
                
Era o rio bem feliz
Diante tão grande cuidado,
Limpo em todo seu percurso
Nunca era maltratado.
Ele só não esperava
Que a atenção que se lhes dava,
Tava com os dias contados.
                
Era muito admirado
Pela sua formosura,
Pois por onde ele passava
Revelava-se a verdura,
De sua vegetação
Pois até pelo sertão
Ele dava sua fartura.
               
Atraía muita gente
À suas margens pra morar,
Pois ali as condições
Eram boas pra ficar,
Ali nada lhes faltava
O que se plantava dava
Começou  se povoar
               
Viu o índio seu espaço
Pelo branco ser tomado
Invadindo  suas terras,
O seu rio tão amado.
Cada índio que se ia
Para o rio isso trazia
A perda de um aliado.

O homem branco começou
 Jogar lixo no seu leito,
Não ligava para o rio
Era grande o desrespeito.
Tudo em volta destruía
E o rio poluía,
Nada fazia direito.
                
As cidades se formaram
Ao longo do grande rio,
Trazendo desmatamento
E fazendo-lhes desvio.
Era muito maltratado
Se sentia abandonado
Em seu grande desafio.
               
Desviaram   os esgotos
Para serem derramados,
Dentro do  Capibaribe
Que sentia-se fadado,
Ao fracasso e a morte
Mas ele lutava forte
Para não ser derrotado.
                
Ao chegar a Santa Cruz
 Ele começou  sangrar
Com sangue do matadouro
Que encanaram para lá.
E assim ali morria
Sua água apodrecia
Não podia respirar.
                 
Como todo nordestino
Ele  mostra o quanto é forte,
Com  esforço muito grande
Ele vence a própria  morte.
Ele agora vai passar
 Em Pão de Açúcar e saudar
 Taquaritinga do Norte.
                  
Ao chegar em Toritama
Outro risco o ameaça,
É a tinta azul do Jeans
Que ao rio traz desgraça,
Fazendo-o mudar de cor,
Esse rio sofredor
Pela dor de novo passa.
                
A  jornada ele retoma
Pra cumprir uma missão,
De encher uma barragem
De uma grande proporção,
Jucazinho,  abastece
 Depois disso ele desce
 Dando vida a região.
               
Segue agora ansioso
Em chegar a capital,
Passa na Zona da Mata
Banha o canavial,
Olha as casas de engenho
Construídas com empenho
No tempo colonial.
               
Se aproxima de Recife
Mas irá ainda  amargar,
Os esgotos das cidades
Pelas quais irá passar
Também restos de usinas
Diante desta triste sina
Bem salobro vai ficar.
                
E por fim chega  em Recife
E começam  lhes saudar,
Com sacolas e garrafas
Fogão velho e sofá.
E no rio quase morto
Inda se observa  corpo
De algum morto a boiar.

Atravessa a cidade
Ansioso em ver o mar,
Depois de tantos maus tratos
Só deseja descansar.
Foto pro cartão postal
Dá adeus à capital
Corre ao mar pra se jogar.
               
E por fim o oceano
Que está a lhe aguardar,
Abre os braços para o rio
Que acaba de chegar
Enfim  vê realizado
O encontro  esperado
Entre o rio e o mar.
          
Para o Rio Capibaribe
Se dê-se mais dedicação,
Dispensado mais cuidado
Merecida atenção.
Que se  dê o seu valor
Que se lute com fervor,
 Por sua preservação.
            
Que tomemos o exemplo
Que o índio sempre deu,
Sempre usufruiu  do rio
Mas tão bem o defendeu
Tirou dele seu sustento
E como agradecimento
Do rio nunca esqueceu.
               
Defendamos esta causa
Vamos salvar nosso rio,
Gigante pernambucano
Vencedor de desafios.
Lutemos enquanto é tempo
Antes de chegar o momento.
Que digamos ser tardio.
                
É o Rio Capibaribe
Parte Da nossa história
Corre todo em Pernambuco
Sua longa trajetória
Preservemos nosso rio
Pra que seja tão sadio
Não apenas na memória. 



Roberto Celestino.