Literatura de Cordel de Roberto Celestino
Meu
cordel pede licença
Pra
fazer uma homenagem
A
um artista de valor
Um
tão grande personagem
Que
deixou na sua arte
Estampada
a sua imagem.
O
seu nome faz justiça
Em
rimar com “nordestino”
Pois
aqui de quem eu falo
É
do Mestre Vitalino
Caruaru
teve a sorte
De
ser mãe desse menino.
Mil
novecentos e nove
10
de julho era o dia
Que
Caruaru nos braços
Esse
filho recebia
Um
menino que ao mundo
O
seu nome levaria.
Filho
de um lavrador
Sua
mãe era louceira
Fazer
panelas de barro
Para
ela era a maneira
De
ajudar o seu marido
Vendendo
as peças na feira.
Nas
margens do Ipojuca
Vitalino
observava
A
mãe trabalhar o barro
Das
panelas que formava
Com
as sobras que restavam
Forma
a elas ele dava.
E
com o barro ele fazia
Seus
pequenos animais
Cobras,
cavalos e bois
Lagartixas
e outros mais
Depois
foi se dedicando
Fazer
formas faciais.
Ele
começou brincando
Mas
artista se tornou
Tomou
gosto pela arte
Logo
se aperfeiçoou
De
animais para bonecos
Nunca
mais ele parou.
Para
a feira ele levava
Toda
a sua produção
Que
encantava a cidade
Também
toda região
Mas
a fama ganharia
Uma
maior proporção.
Era
no Alto do Moura
Que
Vitalino vivia
Com
os filhos ajudando
Nas
peças que ele fazia
Mas
o seu grande talento
Para
o mundo o levaria.
O
artista Augusto Rodrigues
Certo
dia o convidou
Para
uma exposição
E
Vitalino aceitou
Foi
no Rio de Janeiro
Que
a sua arte encantou.
A
partir daí se deu
Sua
grande projeção
A
obra de Vitalino
Foi
além dessa nação
O
nome de sua cidade
Teve
grande exaltação.
Áustria,
França e Suiça
A
sua obra exaltou
Diante
dessa grandeza
O
Brasil valorizou
Para
o Sul e pra o Sudeste
Seu
nordeste ele levou.
Ano
de sessenta e três
Nosso
mestre faleceu
Dia
20 de janeiro
Na
cidade onde nasceu
Mas
a obra desse artista
Está
viva, não morreu.
Pois
é grande o seu legado
Que
pra nós ele passou
A sua
arte se expandiu
Com
artistas que inspirou
Estes
são filhos do barro
Que
Vitalino gerou.
Vitalino
está presente
Pelos
temas de cordéis
Em
suas obras que decoram
Restaurantes
e hotéis
Ele
encanta homens do campo,
Professores,
bacharéis.
Tá
presente nas estantes
De
muitos lares grã finos
E
na casinha do pobre
Encantando
seus meninos
Ele
está na mão daqueles
Que
querem ser “Vitalinos”.
Não
frequentou a escola
Mas
na escola está presente
Pois
ali é apresentado
Como
grande expoente
Da
cultura nordestina
Dando
orgulho a sua gente.
Não
foi aluno na escola,
Na
vida foi professor
Pois
o trabalho no barro
Deste
homem sofredor
Deu-lhe
o título de Mestre
Que
ele honrou com muito amor.
Entre
suas muitas obras
Cito:
O Trio pé de Serra
O
caçador de onça, O boi
Família
lavrando a terra
Lampião
e Maria Bonita
Mas
a lista não se encerra.
A
Cultura nordestina
Se
não fosse Vitalino
Faltaria
um pedaço
Era
até um desatino
Pois
sua arte é o retrato
Do
seu povo nordestino.
Foi
Vitalino Pereira
Dos
Santos um homem pobre
Mas
na arte demonstrou
O
valor de um homem nobre
E
que o talento do artista
Não
há pobreza que dobre.
Vitalino
está bem vivo
Nas
ruas, nos hospitais
Nas
escolas e museus
Nas
casas comerciais
O
seu nome ali está
Não
se apagará jamais.
Está
nas ondas do rádio
Na
voz dos radialistas
E
nas letras das canções
Tá
nas obras dos artistas
Está
presente em suas peças
Pelo
mundo onde são vistas.
Orgulho
do Alto do Moura
Dessa
terra que pisou
Das
margens do Ipojuca
Com
o barro que tirou
Vitalino
fez seu nome
E
na história registrou.